segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Valorize a vida!

Havia ali uma casa com um belo e amplo jardim. Árvores exuberantes, diversas tonalidades de verde, muito vivos. Cores, animais, movimento... Criação, vida se transformando em vida, o ar se renovando, a natureza em sua mais bela forma. A cada viagem, imensa admiração e o pensamento de quão perfeita é a criação divina. Um dia, a surpresa da ausência. O jardim já não existia mais. Agora o que há é apenas uma pequena e simples casa e um amplo espaço vazio. A que aquele jardim daria lugar? Observando os homens é possível imaginar que ali pode se erguer um prédio com modernas instalações, uma casa mais ampla e “confortável” ou um estacionamento, que poderá gerar lucros ao proprietário do terreno. Quantos questionamentos surgem a partir deste acontecimento...
 
Estamos deixando de valorizar a vida, perdemos o respeito e a gratidão pela terra e pela Terra. Vivemos iludidos, crendo que aquisições materiais podem nos fazer felizes, acreditando que eletrodomésticos modernos, móveis e espaços luxuosos são sinônimos de conforto, estabelecendo com a natureza uma relação exploratória. Pensamos que o mundo está aí para nos servir, para satisfazer nossos prazeres mesquinhos e assim, destruímos, matamos, inclusive a nós mesmos.
 
 
Vamos de tal forma nos embrenhando nessa alienação e vivemos escravos do capital. Precisamos adquirir o que nos falta, e sempre falta algo. Trabalhamos para explorar ainda mais o planeta. O suposto conforto faz de nós seres preguiçosos, que mal conseguem movimentar o próprio corpo, que têm dificuldade em executar ações simples como sentar-se ao chão. Sobrecarregamos nosso corpo com nosso sedentarismo e envelhecemos acentuando ainda mais a nossa má qualidade de vida.
Exploramos a natureza com nosso consumismo e cobiça exacerbados. Esquecemos que precisa haver troca, que precisa haver respeito e moderação. Se consigo desenvolver a consciência do que necessito para sobreviver, utilizo os recursos de acordo com a minha necessidade, sem desperdício.
Acreditamos ter conforto, mas o que temos é uma preguiça que nos adoece e mata. Acreditamos ser merecedores de uma mesa exageradamente cheia, de nos fartar do que o planeta nos oferece e não compreendemos o quão mesquinho e egoísta é esse pensamento. Vivemos um momento crucial, em que nossa conscientização se faz necessária, em que precisamos voltar nossa atenção aos padrões de pensamento e comportamento que precisam ser modificados. Nós sofremos as consequências de nossos atos impensados. Nossa relação com o planeta precisa ser de troca. Fazemos todos parte desse meio. A natureza também somos nós, portanto todo e qualquer desequilíbrio nos atinge. Talvez seja possível dizer que todo desequilíbrio começa em nós mesmos e toma proporções que consideramos trágicas em nossa limitada visão. A mudança, portanto, precisa começar em cada consciência.
Reavaliemos o que consideramos como qualidade de vida. Valorizemos a vida. É esse o nosso maior bem.
Por UCNF

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Deus: Consciência geradora de Vida

A visão que se tem de Deus muda conforme se modifica o homem em sua jornada. O politeísmo trazia em cada deus manifestações das características humanas. Havia deuses e deusas do amor, da guerra, da sabedoria, da paciência, da criatividade, dentre tantos outros.
 
Com o advento de crenças monoteístas, começamos a atribuir a este Deus único tais características. Criamo-Lo a nossa imagem e semelhança e atribuímo-Lo uma face que nos fizesse, se não compreender, ao menos respeitar a “Sua vontade”. Foi-nos apresentado um Deus punitivo, vingativo e até cruel, pois precisávamos da lei, precisávamos de regras que nos fizessem respeitar ao mínimo nossos irmãos, e naquela época só conseguíamos respeitar os direitos dos outros pelo medo. Só nos restava obedecer, sem questionar, em uma espécie de fé cega. Além do mais, cultuávamos a guerra e a força física. Sendo assim, essa “qualidade” precisava existir para passarmos a um entendimento monoteísta. Criamos ainda um Deus vingativo, que punia ao não ser atendido e um Deus egoísta, que nos atendia em nossos pedidos em troca de algo, muitas vezes material.
Esse talvez seja o ponto que faz muitos desacreditarem da existência dessa Força Geradora de Vida. A percepção de paixões atribuídas a Deus pode levar a um questionamento a respeito de sua inexistência, simplesmente por essa situação não fazer sentido. Porém, é possível trocar essa visão rígida pelo estudo e busca de conhecimentos, sempre pautados no amor. Assim se torna possível caminhar, respeitando a todos.
Aos poucos, conforme fomos compreendendo alguns ensinamentos, começamos a caminhar, lentamente, para a compreensão de um Deus de amor, de justiça e de misericórdia. Mas ainda nos prendíamos a uma figura humana. Deus é um, mas ainda visto com um ser que está fora, que está no céu. Um ente isolado do mundo que o criou e agora o comanda. Precisaríamos transcender para, quem sabe um dia, estar em Sua magnânima presença, após a morte de nosso corpo físico.
 
Contudo, nós já podemos ir além. Estamos desenvolvendo a compreensão de que o Pai não está fora. Ele se faz presente em toda criação. “Eu Sou uma Centelha Divina”. Todos somos. Ora, se Deus é um, mas não é uma figura superior a nos observar e punir, podemos chegar a conclusão de que essa unidade se faz pela união de toda criação. Trata-se de um coletivo. Abandonaríamos aqui essa percepção individualista de dentro e fora, porque o que esta fora também me constitui ao mesmo tempo em que somos parte de Deus.
A partir desta compreensão a necessidade de desenvolvermos o amor se faz ainda mais clara. O amor que posso oferecer ao meu irmão é na medida do amor que desenvolvo por mim, é na medida do amor que desenvolvo por Deus. Da mesma forma acontece com qualquer atitude, sentimento ou pensamento que dirijo a um irmão. Dirijo-o a Deus e a minha pessoa. Está na hora de atentarmos para essa compreensão e trabalharmos na construção de um mundo mais fraterno. Faço parte de toda criação e toda criação me constitui.
Deus poderia, neste momento, apesar de toda limitação de nossa consciência e linguagem, ser entendido como a Consciência Onipresente e Onipotente que nos dá vida. Compreensão esta que nos leva a tratar a tudo e a todos com mais amor, respeito, compreensão e tolerância. Talvez sejamos muito mais do que irmãos...
Por UCNF